 Já houve tempos em que os CTT eram um serviço público de referência. Dos poucos em que poderíamos confiar, quase sem reservas.
Já houve tempos em que os CTT eram um serviço público de referência. Dos poucos em que poderíamos confiar, quase sem reservas.
Espantava-me até a eficiência destes serviços, já que, comparados com os congéneres estrangeiros, pareciam-me muito mais fiáveis.
Veio a moda das privatizações, das reformas da administração pública e pagou o justo pelo pecador. O que funcionava mal nunca veio a funcionar bem e aquilo que era excelente foi nivelado pela mediocridade habitual.
Não bastava a peregrina ideia de reduzir drasticamente o pessoal, encerrando estações e delegando estes serviços nas Juntas de Freguesia, de acabar com a distribuição diária da correspondência em zonas rurais... Agora, até a mais banal função de distribuir uma carta, tornou-se uma tarefa quiçá gigantesca, que demora eternamente a ser cumprida. E não adianta nada o correio azul, este serviço de luxo que já nos anos 80 garantia a distribuição em 24 horas em todo o Portugal continental.
Uma carta enviada por esta última via no dia 17, chegou-me às mãos apenas no dia 22!!
Mas o pior ainda estava para vir...
Na minha localidade, a Câmara Municipal resolveu alterar a designação de “Rua” por “Urbanização”, mantendo-se igual a restante denominação do meu endereço.
Logo que a medida foi tomada, e antes de qualquer dos residentes saber, o carteiro fez logo um aviso à navegação de que teríamos de alterar a morada, sob o risco de que não receberíamos as cartas. Rapidamente, as cartas recebidas com o endereço “Rua” vieram assinaladas com um ameaçador círculo à volta. E, passado pouco tempo, começaram a ser devolvidas, numa incrível demonstração de excesso de zelo. Ainda indaguei o carteiro, julgando tratar-se de um mero capricho da sua parte. Mas ele garantiu-me que não, que as ordens vinham de cima e que as devoluções foram feitas antes da correspondência lhe ser distribuída.
Julgo tratar-se de um acto de prepotência indescritível. Não se distribui o correio, não por se desconhecer o destinatário ou a morada, mas única e simplesmente por efeitos de uma burocracia perniciosa. Saberão os ditos superiores o trabalho que dá mudar o endereço em todos os serviços que nos dirigem correspondência, ainda por cima devido a uma deliberação camarária na qual não fomos tidos nem achados?
A velha máxima de que o correio deve ser entregue ao destinatário, apesar de todas as atribulações possíveis e imaginárias, que é a imagem de marca de qualquer serviço de correios do mundo, deixou de se aplicar neste país. Os correios passaram a ser uma qualquer empresa desumanizada e burocrática em que o carteiro já não toca duas vezes.
 
 
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