quarta-feira, março 15, 2006

Obras-primas

Resolvi abrir um novo espaço dedicado apenas à análise, ainda que sucinta, de algumas obras-primas da arte mundial.
Alguns dos posts aqui publicados estão já lá. Outros se seguirão, a um ritmo que desejo mais regular do que aqui tem sido realizado.

quinta-feira, março 09, 2006

Toru Nishimaki

Para aqueles que apreciam desenho a lápis recomenda-se vivamente uma visita ao site do japonês Toru Nishimaki!

domingo, fevereiro 19, 2006

Frida Kahlo



A vida atribulada de Frida Kahlo marcou indelevelmente a sua obra. Começou a pintar depois de um grave acidente de viação, aos 17 anos, que a obrigou a permanecer imenso tempo na cama, numa longa convalescença. Fez transparecer para as telas as suas angústias, vivências e medos numa linguagem muito directa e popular.
Apesar de vulgarmente ser considerada uma surrealista, ela própria desmente o facto dizendo que nunca pintou sonhos, mas apenas a sua realidade.
É uma parte considerável desta realidade amarga e crua que podemos apreciar na obra desta pintora mexicana que está exposta no Centro Cultural de Belém. Esta é talvez das exposições mais memoráveis que alguma vez passaram por esta instituição e, como está na nossa casa, é absolutamente obrigatório visitar!

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Castelo Rodrigo

Tal como Almeida, já não visitava Castelo Rodrigo há mais de uma dezena de anos. Depois da desilusão sofrida em Almeida, esperavamos o pior à medida que nos aproximavamos de Castelo Rodrigo. Afinal, da última vez que tinha visitado, o abandono era evidente e pouco deveria faltar para que toda a velha aldeia histórica ombreasse com a ruína desprezada do Palácio de Cristóvão de Moura.
Aproximamo-nos, já ao fim da tarde, e a primeira visão não poderia ser mais magnífica...


Um rebanho e, ao fundo, brilhava o povoado como que numa aura de encantamento.
Chegados ao destino, notavam-se alguns cuidados: novo pavimento, casas recuperadas, alguma oferta de turismo de habitação e lojas cuidadas de artesanato e artigos regionais. Aqui, os apoios ao abrigo do FEDER parece que não caíram em saco roto e, pelo menos por agora, estão a contribuir para a valorização deste património.
Até a velha chaga do palácio em ruínas, que estava ao sabor do vandalismo de quem por ali passava, já ganhou outra dignidade. Agora, preservou-se o que restava. O recinto é fechado e vigiado.

Quando chegou a noite, provamos as delícias gastronómicas da região num acolhedor recanto designado O Cantinho dos Avós. Um pequeno restaurante que ilustra mais um aproveitamento de uma casa, que de outro modo estaria abandonada, como tantas outras. O espaço é pequeno mas extremamente hospitaleiro. No Inverno, poderão desfrutar do calor da lareira e, enquanto esperam pelo repasto, poderão ver as fotos expostas, ou folhear revistas de arquitectura!?... Na sobremesa, não se esqueçam de provar os crepes, especialmente com doce de Romã...
Enfim, a passagem pelo local resultou numa inesperada magia que contrariou as negras expectativas.

sexta-feira, janeiro 20, 2006

Goldfrapp


São poucos os casos de estreia tão prometedores como o que aconteceu no ano 2000 com o CD Felt Mountain, dos Goldfrapp (Alicia Goldfrapp e Will Gregory). A música, como que soprada por uma brisa, que nos embalava e deleitava, era tão extraordinária que o facto de ser uma estreia augurava, no futuro,grandes momentos de prazer.
Foram precisos quase três anos para aferir o vaticínio, altura em que foi publicado Black Cherry. Infelizmente o prognóstico não se confirmou. Do fulgor inicial pouco ou nada ficou, todo o enlevo foi substituído por um tecno-pop de gosto duvidoso. No ano passado, a saída de Supernature só veio confirmar que o primeiro trabalho foi mesmo singular, sem qualquer continuidade. O brilhantismo primitivo foi efémero.
O trabalho iniciou-se pela cúpula e esboroou-se.

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Almeida

Já há muito tempo que não visitava esta bonita vila e impressionante praça de guerra fronteiriça. O conjunto da fortaleza, de forma hexagonal, com 2500 m de perímetro, assemelhando-se a uma estrela de 12 pontas, é, sem dúvida, uma das mais belas jóias da arquitectura militar abaluartada do país.



A actual estrutura remonta ao séc. XVII, como resultado da Guerra de Restauração da independência.
A sua existência foi algo atribulada. O momento de assédio que mais marcou a vila foi quando esta, cercada por tropas francesas, sob o comando do general Massena (Agosto de 1810), foi atingida pelo fogo da artilharia inimiga, que fez explodir o paiol de pólvora, matando e ferindo mais de 500 pessoas. As marcas ainda são visíveis, como podem ver na foto seguinte:



A vila e a sua fortaleza lá continuam, bem conservadas. Todavia, senti um pouco o que já descrevi na minha visita a Castelo de Vide, no ano anterior. Pasmo ver uma terra com tamanhas potencialidades turísticas tão desaproveitada e com tão pouco dinamismo e investimento no seu património. Por duas vezes que a visitei, em dias distintos, acabei por inevitavelmente parar num dos poucos (senão o único) bar aberto. Este, estava repleto de estudantes que, em período de férias, não tinham outro poiso para conviver.
O magnífico conjunto arquitectónico vale bem a visita, mas o posto de turismo local nem sequer folhetos da vila tinha. É certo que podiam estar momentaneamente esgotados, mas tornou-se caricato, pois deram-me folhetos de muitas aldeias e vilas das redondezas, menos da que estava a visitar!?

A sensação é de desleixo e desinvestimento. Parece que a inércia está a deixar a pequena localidade envelhecer como os seus canhões. Triste sorte para uma maravilhosa povoação que, com outra vontade mais enérgica, poderia candidatar-se a património mundial.