quinta-feira, janeiro 29, 2009

Templo de Debod


2006_madrid_templo_debod04
Originally uploaded by VRfoto

MADRID (Spain): Temple Debod.

domingo, janeiro 25, 2009

Recordando crises passadas...

... através de um dos mais impressionantes trechos literários sobre a Grande Depressão:

Os pequenos fazendeiros observam como as dívidas sobem insensivelmente, como o crescer da maré. Cuidaram das árvores sem vender a colheita, podaram e enxertaram e não puderam colher as frutas.
Este pequeno pomar, para o ano que vem, pertencerá a uma grande companhia, pois o proprietário será sufocado por dívidas.
Este parreiral passará a ser propriedade do banco. Apenas os grandes proprietários podem subsistir, visto que também possuem fábricas de conservas.
A podridão alastra por todo o Estado e o cheiro doce torna-se uma grande preocupação nos campos. E o malogro paira sobre o Estado como um grande desgosto.
As raízes das vides e das árvores têm de ser destruídas, para se poderem manter os preços elevados. É isto o mais triste, o mais amargo de tudo. Carradas de laranjas são atiradas para o chão. O pessoal vinha de milhas de distâncias para buscar as frutas, mas agora não lhes é permitido fazê-lo. Não iam comprar laranjas a vinte cents a. dúzia, quando bastava pular do carro e apanhá-las do chão. Homens armados de mangueiras derramam querosene por cima das laranjas e enfurecem-se contra o crime, contra o crime daquela gente que veio à procura das frutas. Um milhão de criaturas com fome, de criaturas que precisam de frutas... e o querosene derramado sobre as faldas das montanhas douradas.
O cheiro da podridão enche o país.
Queimam café como combustível de navios. Queimam o milho para aquecer; o milho dá um lume excelente. Atiram batatas aos rios, colocando guardas ao longo das margens, para evitar que o povo faminto intente pescá-las. Abatem porcos, enterram-nos e deixam a putrescência penetrar na terra.
Há nisto tudo um crime, um crime que ultrapassa o entendimento humano. Há nisto uma tristeza, uma tristeza que o pranto não consegue simbolizar. Há um malogro que opõe barreiras a todos os nossos êxitos; à terra fértil, às filas rectas de árvores, aos troncos vigorosos e às frutas maduras. Crianças atingidas de pelagra têm de morrer porque a laranja não pode deixar de proporcionar lucros. Os médicos legistas devem declarar nas certidões de óbito; "Morte por inanição", porque a comida deve apodrecer, deve, por força, apodrecer.
O povo vem com redes para pescar as batatas no rio, e os guardas impedem-nos. Os homens vêm nos carros ruidosos apanhar as laranjas caídas no chão, mas as laranjas estão untadas de querosene. E ficam imóveis, vendo as batatas passarem flutuando; ouvem os gritos dos porcos abatidos num fosso e cobertos de cal viva; contemplam as montanhas de laranja, rolando num lodaçal putrefacto. Nos olhos dos homens reflecte-se o malogro. Nos olhos dos esfaimados cresce a ira. Na alma do povo, as vinhas da ira crescem e espraiam-se pesadamente, pesadamente amadurecendo para a vindima.

John Steinbeck, As Vinhas da Ira, Edição Livros do Brasil, Lisboa

Portal românico do mosteiro de Bravães


2007_0127P_Barca_Bravaes_portal_principal
Originally uploaded by VRfoto

PONTE DA BARCA (Portugal): Mosteiro de Bravães. A igreja notabiliza-se, sobretudo, pelo «(...) seu portal, voltado a ocidente, constituído por cinco arquivoltas recamadas de motivos figurativos e geométricos, avul­tando, depois, no tímpano, o relevo do Cristo em majestade acolitado por dois anjos. Os colunelos que sustentam as arquivoltas encontram-se, por sua vez, esculpidos de alto a baixo – nos capitéis, nos fustes e nas bases –,sendo de referir pela sua raridade no panorama do nosso românico, as figuras humanas que aparecem em dois fustes, frente a frente.

domingo, janeiro 18, 2009

sexta-feira, janeiro 16, 2009

Denúncias na Inquisição de Lisboa


20 de Setembro de 1533 — António Correia denunciou Duarte Fernandes por não comer toucinho.

23 de Setembro de 1553 — Jorge Pulga, escrivão do cardeal, denun­ciou o padre S. Miguel por dizer que nem o rei nem o cardeal nem mesmo o Papa poderia tirar uma colher de sua casa.

21 de Janeiro de 1554 — Francisco Vaz denunciou o seu irmão Jorge Vaz.

12 de Janeiro de 1554 — Diogo Antunes, estudante dos Jesuítas, disse que foi a casa de um calceteiro e que este tinha na parede uma es­tampa com um santinho com teias de aranha.

18 de Janeiro de 1554 — Catarina Vaz de Abrantes denunciou Nicolau Castanho, cristão-novo, por cuspir no rosto de Nossa Senhora.

23 de Janeiro de 1554 — Com­pareceu Gomes de Leão, que de­nunciou o licenciado António Gon­çalves, que disse que gostava mais de forcas que de crucifixos.

6 de Junho de 1554 — Compare­ceu Paula Gomes, que denunciou o marido, Pedro Gonçalves, que disse que não sabia se havia Cristo.

18 de Junho de 1554 — Compare­ceu o ourives Pedro Rodrigues por ter dito que certas mulheres iam à romaria da Senhora da Luz menos por devoção do que por poucas ver­gonhas.

7 de Setembro de 1554 — Com­pareceu Manuel Gomes, cristão-novo, e denunciou Manuel Fernan­des, algibebe do Porto, por ter dito que aquela romaria não se devia chamar Senhora da Rapa.

1 de Janeiro de 1555 — Gonçalo Fernandes denunciou dois flamen­gos que faziam figas ao Senhor crucificado.

31 de Janeiro de 1555 — Com­pareceu Baltasar Gomes, ourives, que denunciou um flamengo que não tirou o barrete quando passava diante da cruz.

2 de Março de 1555 — Diogo Mar­tins, castelhano, disse que Henrique Soares anda fugido à Inquisição de Sevilha.

9 de Março de 1555 — O padre Luís Neto, capelão da Sé, acusou um inglês chamado Ricardo, que disse que o Papa canonizava os san­tos por dinheiro.

18 de Junho de 1555 — O Sr. Bispo D. André denunciou o estu­dante Pedro de Sousa, que não quis retratar-se das conclusões erradas que defendeu na Universidade de Coimbra. O bispo acha este estu­dante muito inteligente.

9 de Setembro de 1555 —- Joana Teixeira denunciou seu marido, Tomé Cardoso, porque ele casou outra vez.

9 de Setembro de 1555 — João de Paris, relojoeiro francês, denunciou o inglês Marcos, mestre da Nau, que disse que não era preciso rezar aos santos, bastava fazê-lo a Deus.

17 de Setembro de 1556 — Graça Dória denunciou Mécia Vaz por di­zer que no mundo só há nascer e morrer.

21 de Janeiro de 1556 — André Pires, padre de Sarzedas, denunciou António Rodrigues por ter dito que Nossa Senhora era judia.

16 de Fevereiro de 1556 — O je­suíta João Dício acusou o flamen­go Reiner, lapidador de pedras, por ter dito que era mais virtuosa a vida dos casados que a dos reli­giosos.

26 de Março de 1556 — Ascenso Fernandes denunciou Pedro de Loreto, carpinteiro francês, por comer carne à sexta-feira.

22 de Abril de 1556 — Francisco Gonçalves denunciou Rodrigues Ál­vares, escrivão, por vestir aos sábados pelote, calça preta, boas botas e roupão esverdeado, com pesponto de seda e alamares, ao passo que nos dias santos traz só gabão de mangas curtas.

10 de Julho de 1556 — Fernando Afonso denunciou dois hereges de Ponte de Lima, que disseram que a hóstia era apenas pão.

4 de Agosto de 1556 — Francisco Dias denunciou a mulher dizendo que era judia.

11 de Janeiro de 1557 — Gonçalo Pereira denunciou o mouro Cosme de Sesimbra por ter dito que Nossa Senhora não era virgem.

15 de Janeiro de 1557 — Duarte Rodrigues denunciou Grácia Fer­nandes por não querer trabalhar ao sábado.

30 de Abril de 1557 — Manuel Borges denunciou António Gonçal­ves por ter dito que dormir com uma mulher não era mal nenhum.

4 de Agosto de 1557 — O licencia­do Garcia Mendes de Abreu acusou um cristão-novo de dizer, sobre a virgindade de Nossa Senhora, o se­guinte: «Como é que se pode tirar a gema ao ovo sem quebrar?»

30 de Agosto de 1557 — Compare­ceu Catarina Rodrigues, que denun­cia G. Botelho, cristã-nova, por ter tido relações sexuais com o demónio (Nota do senhor inquisidor: «Por não se dar crédito à testemunha, ar­quivou-se o processo».)

29 de Setembro de 1557 — Com­pareceu Gomes de Abreu e disse o seguinte: «Quando há dois anos a nau S. Bento vinha da índia e nau­fragou, deram à Costa do Natal e o denunciante disse "preze a Deus que me leve a terra de cristão para eu morrer lá". E isto foi ouvido por Garcia de Cárceres, mercador de pedreiras, que respondeu: "Para morrer tanto faz cá como lá."»

16 de Outubro de 1557 — O ouri­ves flamengo Hans Van Mustre acu­sou o ourives holandês João Bette por meter uma imagem numa pia com a cabeça para baixo.

quinta-feira, janeiro 08, 2009

Torre Eiffel


Paris_torre_eiffel05bw
Originally uploaded by VRfoto

PARIS (França): A torre Eiffel vista desde o interior do "Muro da Paz", idealizado pela artista Clara Halter e pelo arquitecto Jean-Michel Wilmotte, monumento instalado paradoxalmente no Campo de Marte ("Champ de Mars") em frente à Academia Militar.