domingo, maio 23, 2004

Aquiles

Ainda não fui ver (nem sei se irei) o filme “Tróia”. Porém, a saída do filme lembrou-me de chamar a atenção para determinados símbolos que aparecem nas pinturas e que nos permitem identificar e compreender melhor as obras-primas da arte ocidental.
Saiu, muito recentemente, um pequeno livro, da Editorial Estampa - “Guia do Apreciador de Pintura” de Marcus Lodwick -, que faz uma análise extremamente interessante a este aspecto, por vezes negligenciado até por historiadores de arte.

Penso que toda a gente conhece, em traços largos, a história de Aquiles. Era filho da ninfa do mar Tétis e do mortal Peleu. A sua mãe tentou torná-lo imortal e invulnerável. Para conseguir a invulnerabilidade, mergulhou-o no rio Estige, no Hades, enquanto o segurava pelo calcanhar, que se veio a converter no seu único ponto fraco. Aquiles foi educado pelo centauro Quíron. Tornou-se um formidável guerreiro e as suas proezas na guerra de Troia são descritas na Ilíada de Homero. Acabaria por morrer quando Páris o atingiu com uma seta envenenada no seu calcanhar.
Aquiles costuma ser representado com os atributos de guerreiro - armas e armaduras; carro; parelha de cavalos; arco e lira.
No quadro de Jean-Baptiste Regnault “A Educação de Aquiles pelo Centauro Quíron”, exposto no Louvre, o jovem guerreiro está a ser ensinado a manejar o arco pelo sábio Quíron. O leão morto simboliza a intrepidez e a dieta alimentar de Aquiles (das vísceras do animal), a lira, no chão, mostra que a música foi também uma das artes ensinada por Quíron.
O quadro poderá ser visto com pormenor aqui!

quinta-feira, maio 20, 2004

A Guerra


Intriga-me o que move Pacheco Pereira a defender tenazmente a guerra do seu amigo G. Bush!?
À medida que o desastre da intervenção americana no Iraque se torna por demais evidente e incomodamente indefensável, à luz de todos os princípios civilizacionais e humanitários, Pacheco Pereira defende 'olimpiamente' a mesma, de uma forma confrangedora e patética...

Porquê Pacheco Pereira?

quinta-feira, maio 13, 2004

Para onde vais xadrez!

O Xadrez é, sem margem para dúvidas, a actividade desportiva (será que é um desporto?) que sigo com maior interesse.
Infelizmente, desde há alguns anos, o Xadrez tornou-se mais uma actividade circense, de exibição, que propriamente uma actividade desportiva, com um quadro competitivo definido. Ninguém sabe hoje, por exemplo, quem é o Campeão do Mundo da modalidade, o que diz bem do descrédito e do progressivo apagamento do interesse e respeito pelo nobre jogo.
Há dias encontrei um texto na Lusoxadrez que espelha bem o desânimo que atravessam os amantes saudosos dos encontros dramáticos que envolviam o Ocidente contra o Leste (Fischer/Spassky), o homem do aparelho soviético contra o dissidente (Karpov/Kortchnoi) e ainda o homem do velho regime, já decadente, e o homem novo da Perestroika (Karpov/Kasparov)!


De: "replicant_pt"
Data: Ter Mai 11, 2004 4:09 pm
Assunto: Para onde vais Xadrez!

Quando leio sobre as trapalhadas do próximo campeonato FIDE, da reunificação e fórmula para se encontrar, de forma credível, um novo Campeão do Mundo, que se possa orgulhar do seu título, recordo com nostalgia todo o ciclo que no passado nos fazia seguir atentamente os zonais, interzonais e torneios de candidatos até se chegar ao apuramento do 'challenger' do Campeão do Mundo.
Nessa altura, o xadrez, apesar da sua conotação com o mundo soviético, quebrada esporádicamente por génios como Fischer, era uma modalidade respeitada e em que todos os participantes tinham objectivos bem definidos para a sua carreira.
Agora, está-se perante um enorme vazio. A presidir à FIDE está uma figura inenarrável que não trouxe mais ao xadrez que os obscuros patrocínios de eventos, que nem mediáticos conseguiram ser.
Os jogadores de elite, numa cegueira que a longo prazo lhes sairá cara, preocupam-se com os cifrões, desde que lhes garantam a permanência nos ainda chorudos torneios de elite. A prazo, os grandes patrocínios serão mais difíceis de conseguir, pois a falta de um ciclo regular de competição afasta o xadrez dos media, das massas e da chama que o poderia alimentar.

sábado, maio 08, 2004

O Código Da Vinci


Depois de ler o excelente livro de Philip Roth “A Mancha Humana”, resolvi desanuviar um pouco e embrenhar-me no best-seller do momento, que versava assuntos que sempre exerceram algum fascínio sobre mim – os Templários, as sociedades secretas, enfim, o hermetismo em geral.
Contudo, sob este ponto de vista, o livro é uma desilusão. Longe, muito longe, daquele que considero ser a maior obra-prima do género “O Pêndulo de Foucault” de Umberto Eco (e não o “Nome da Rosa”, como os nossos críticos que não leram mais nada de Umberto Eco, afirmam). Este sim, põe-nos a fazer roteiros turísticos à procura de desvendar segredos dos Templários, Rosa-Crucianos, etc.
O livro de Dan Brown é literatura do mais 'light' possível. Destina-se a um público muito pouco exigente. Todo o livro está construído sem profundidade e apenas tem como preocupação deixar uma ponta solta para o capítulo seguinte, de forma a que a leitura se torne quase compulsiva. Os capítulos são pequenos e vão-se devorando rapidamente. Sob este ponto de vista, o livro é eficaz, contudo nunca temos a ilusão de estar a ler um grande livro. Como em qualquer filme de acção/mistério (para o qual o livro vai servir de argumento) estamos apenas à espera do final. Depois, tudo se esquece.