sexta-feira, fevereiro 27, 2004

XXI Torneio Internacional de Linares (2)




Finalmente, na ronda 7, tivemos luta acesa nos tabuleiros. Todas as partidas terminaram sem qualquer empate.
Chegados ao fim da primeira ronda do torneio, o húngaro Peter Leko tomou a dianteira, logo seguido de Kasparov.
Desejamos que a 'segunda parte' seja bem mais emocionante!


Mundos paralelos




Num acesso de revivalismo já aqui falei dos “Yes”, a propósito da edição de um DVD. Hoje, quase por acaso, fui parar a um dos responsáveis pela imagem de marca dos “Yes”. Estou a falar do criador de quase todas as capas para os “álbuns” do grupo – Roger Dean.
O mundo que se vê nestas criações de Dean é, no mínimo, fascinante. É tão coerente ao longo da sua obra que nos dá a ideia de ele ter visitado algum mundo paralelo!

quinta-feira, fevereiro 26, 2004

CTT – Correios de Portugal


Já houve tempos em que os CTT eram um serviço público de referência. Dos poucos em que poderíamos confiar, quase sem reservas.
Espantava-me até a eficiência destes serviços, já que, comparados com os congéneres estrangeiros, pareciam-me muito mais fiáveis.
Veio a moda das privatizações, das reformas da administração pública e pagou o justo pelo pecador. O que funcionava mal nunca veio a funcionar bem e aquilo que era excelente foi nivelado pela mediocridade habitual.
Não bastava a peregrina ideia de reduzir drasticamente o pessoal, encerrando estações e delegando estes serviços nas Juntas de Freguesia, de acabar com a distribuição diária da correspondência em zonas rurais... Agora, até a mais banal função de distribuir uma carta, tornou-se uma tarefa quiçá gigantesca, que demora eternamente a ser cumprida. E não adianta nada o correio azul, este serviço de luxo que já nos anos 80 garantia a distribuição em 24 horas em todo o Portugal continental.
Uma carta enviada por esta última via no dia 17, chegou-me às mãos apenas no dia 22!!
Mas o pior ainda estava para vir...

Na minha localidade, a Câmara Municipal resolveu alterar a designação de “Rua” por “Urbanização”, mantendo-se igual a restante denominação do meu endereço.
Logo que a medida foi tomada, e antes de qualquer dos residentes saber, o carteiro fez logo um aviso à navegação de que teríamos de alterar a morada, sob o risco de que não receberíamos as cartas. Rapidamente, as cartas recebidas com o endereço “Rua” vieram assinaladas com um ameaçador círculo à volta. E, passado pouco tempo, começaram a ser devolvidas, numa incrível demonstração de excesso de zelo. Ainda indaguei o carteiro, julgando tratar-se de um mero capricho da sua parte. Mas ele garantiu-me que não, que as ordens vinham de cima e que as devoluções foram feitas antes da correspondência lhe ser distribuída.
Julgo tratar-se de um acto de prepotência indescritível. Não se distribui o correio, não por se desconhecer o destinatário ou a morada, mas única e simplesmente por efeitos de uma burocracia perniciosa. Saberão os ditos superiores o trabalho que dá mudar o endereço  em todos os serviços que nos dirigem correspondência, ainda por cima devido a uma deliberação camarária na qual não fomos tidos nem achados?
A velha máxima de que o correio deve ser entregue ao destinatário, apesar de todas as atribulações possíveis e imaginárias, que é a imagem de marca de qualquer serviço de correios do mundo, deixou de se aplicar neste país. Os correios passaram a ser uma qualquer empresa desumanizada e burocrática em que o carteiro já não toca duas vezes.

terça-feira, fevereiro 24, 2004

Carnaval


Nunca gostei do Carnaval! Quando era pequeno, recordo-me que só me ficava na mente o número de mortos e assassinatos no Rio de Janeiro, que os noticiários actualizavam a todas as horas. É interessante que na actualidade isto não é notícia!? Será que já não morre ninguém?
Reconheço que o desfile das escolas de samba, no Rio de Janeiro, é um espectáculo portentoso e difícil de menosprezar. Contudo, as tristes imitações que por cá pululam, tentando importar uma coisa que não condiz nem com a nossa latitude (é só ver as garotas mais afoitas a tiritar de frio) é um espectáculo pobre, pouco imaginativo, apenas para satisfazer os apetites de uma população pobrete mas alegrete.

XXI Torneio Internacional de Linares




O torneio internacional de Xadrez na pequena cidade espanhola de Linares tornou-se, desde há muito, um clássico na modalidade. É dos poucos que consegue reunir a elite das elites do Xadrez.
No entanto, já há muito que não se assistia a um torneio “tão aborrecido”, em que a maioria dos jogos terminam invariavelmente num empate e, muitos deles, de curta duração. Até agora, decorridas 5 jornadas, apenas um jogo fugiu ao empate o que não auspicia grandes emoções.
Resta-nos a esperança de que a “missa” ainda não chegou à metade...

sábado, fevereiro 21, 2004

O “mundo” nas mãos



Fico deslumbrado com o poder de processamento que, hoje em dia, temos nas mãos.
Já não basta o extraordinário poder que têm os nossos  PCs de secretária, os «notebooks» e, desde há algum tempo, os pequeníssimos Pocket PCs!
Este texto foi escrito, na íntegra, num destes minúsculos aparelhos, num pequeníssimo teclado virtual, que com relutância e cepticismo me resolvi experimentar.
Como nas restantes coisas da nossa vida, tudo é uma questão de treino e experiência. Paulatinamente vamos adquirindo a destreza e, neste caso, a máquina acompanha-nos nesta aprendizagem. A escrita vai-se tornando mais fluída à medida que as palavras mais utilizadas são antecipadas.
Imaginem a liberdade que isto permite... O tempo gasto nos meios de transporte, nas intermináveis esperas com que frequentemente somos confrontados, pode agora ser, de alguma forma, aproveitado.
As horas de tédio e da rotina mais inútil servirão para preparar a agenda, actualizar as contas bancárias, continuar o texto que tínhamos iniciado em casa ou, muito simplesmente, jogar uma partida de xadrez, que podemos suspender, continuar ou acabar em qualquer altura.
Sem partilhar do pessimismo que abunda por aí, gosto muito de viver neste admirável mundo!

quarta-feira, fevereiro 18, 2004

Bibliotecas públicas


Muita da minha formação e dos intermináveis momentos de prazer da minha juventude são devidos à Biblioteca Pública e, mais concretamente, à Fundação Gulbenkian.
Fiquei muito surpreendido com o movimento que está a surgir em Espanha contra o pagamento de uma quantia pelos livros que são emprestados pelas Bibliotecas. O pagamento pela leitura(?), empréstimo(?) (ainda não entendi muito bem) parece dever-se a uma directiva comunitária, supostamente para proteger os direitos de autor.
A ser assim, esta medida não tardará a chegar a Portugal. E se os nossos índices de leitura são já paupérrimos, o que não será quando os adolescentes tiverem de pagar para a leitura domiciliária.
Quantos de nós, que gostamos de ler, não devemos este gosto pela leitura às bibliotecas?
Caso não tivéssemos acesso à leitura, por este meio, provavelmente hoje não seríamos leitores e compradores quase compulsivos de livros!
Daí que esta medida, supostamente para defender editores e autores, me pareça o mais estúpido ataque à cultura e à leitura. E a prazo, quem vai sofrer com isso são justamente os editores e autores, que estão a atirar pedras para o seu próprio telhado.
É daquelas medidas imediatistas e de vistas curtas, tão típicas da actualidade...

domingo, fevereiro 15, 2004

Código a descoberto


A Microsoft confirmou que partes do código fonte do seu sistema operativo Windows circula pela Internet.
Esta notícia provocou algum alarme, pois poderá colocar a nu algumas vulnerabilidades do sistema operativo e comprometer ainda mais a segurança de todas as empresas que baseiam os seus sistema no Windows. Alguns receiam que, fruto desta revelação, uma onda de novos vírus surgirão nos próximos meses.
Tudo isto a mim me parece desconcertante e até algo mirabolante. O Linux, com que eu trabalho, tem desde sempre o seu código fonte aberto e nem por isso é mais vulnerável que o sistema da Microsoft, muito pelo contrário. Não tenho grandes preocupações com vírus e, neste sistema, nunca sofri quaisquer danos com isso. Muitos servidores web funcionam debaixo de Linux e aguentam-se lindamente...
É certo que a Microsoft sempre guardou o seu código fonte a sete chaves e, como tal, não deixaria de ser uma notícia sensacional a revelação de partes deste segredo.
Mas os adeptos das teorias da conspiração já têm várias explicações para este facto. Alguns suspeitam que esta fuga fez parte de uma estratégia deliberada pela Microsoft para, daqui a uns meses, começar a processar aqueles que copiem partes do seu código: nomeadamente, alguns programadores de Linux que queiram compatibilizar os dois sistemas.
Outros suspeitam que a Microsoft tem programadores a trabalhar na comunidade 'open source' para contaminar alguns destes projectos com código do Windows...
Há também aqueles que defendem que isto será o princípio do fim da Microsoft que não resistirá a uma análise profunda do seu sistema já velho e cheio de protecções e falhas deliberadamente colocadas pela empresa de Bill Gates.

quinta-feira, fevereiro 12, 2004

Obelisco de Axum


Nem tudo é mau na Itália de Berlusconi.
Em 1937, as tropas de Mussolini invadiram a Abissínia e resolveram trazer como troféu para Roma um dos Obeliscos de Axum. Finda a guerra, e após a queda de Mussolini, os sucessivos governos italianos protelaram sempre a decisão de devolver o obelisco a quem de direito, sob a frágil argumentação de que ele estaria melhor preservado em Roma. A triste ironia do destino veio desmentir categoricamente esta ideia. O obelisco em Roma sofreu as mais diversas atribulações, desde a queda de um raio, até ao desgaste provocado pela poluição. O seu estado de conservação é deplorável. Em contrapartida, os que estão na Etiópia mantiveram-se em boas condições.
Apesar da oposição de alguma direita italiana, parece que agora é de vez o regresso do obelisco ao seu berço.

quarta-feira, fevereiro 11, 2004

Sonhar acordado


Contrariamente à maioria dos comuns mortais, sempre adorei fazer grandes viagens de autocarro ou comboio. Recordo com imensa saudade as intermináveis viagens que fazia para a Universidade de Coimbra, não pela paisagem que poderia apreciar, mas pela disponibilidade para sonhar acordado, sem pressas, sem qualquer necessidade premente de chegar ao destino.
Este sentimento, que julgava quase único, o que me levava a disfarçar tão insólito gosto, afinal está magnificamente descrito por Fernando Pessoa.

Devaneio entre Cascais e Lisboa. Fui pagar a Cascais uma contribuição do patrão Vasques, de uma casa que tem no Estoril. Gozei antecipadamente o prazer de ir, uma hora para lá, uma hora para cá, vendo os aspectos sempre vários do grande rio e da sua foz atlântica. Na verdade, ao ir, perdi-me em meditações abstractas, vendo sem ver as paisagens aquáticas que me alegrava ir ver, e ao voltar perdi-me na fixação destas sensações. Não seria capaz de descrever o mais pequeno pormenor da viagem, o mais pequeno trecho de visível.

Fernando Pessoa, O Livro do Desassossego

domingo, fevereiro 08, 2004

Cintilações...




Albert André, com as suas mais de 3500 obras, foi aquilo a que se pode chamar um artista prolixo e competente.
Amigo de Cézanne e Renoir, nunca conseguiu atingir o estatuto e o reconhecimento que estes tiveram.
Apesar de tudo, na sua imensa obra, temos alguns momentos de génio, como neste “Femme mettant ses bas”, pintado em finais do século XIX.

sexta-feira, fevereiro 06, 2004

Restrições...




A exibição de um seio, por parte da cantora Janet Jackson, no intervalo do “Superbowl” provocou uma onda de indignação a alguns telespectadores mais sensíveis.
Esta reacção motivou, por parte das cadeias de televisão, uma onda de filtragem de directos para evitar surpresas futuras. Já nada escapa à “censura” televisiva, neste fervor anti-seio...
A sociedade americana é o exemplo mais acabado e grosseiro da hipocrisia como forma de estar na vida. Sempre me intrigou isso, mas não encontro qualquer explicação plausível para o fenómeno!?

domingo, fevereiro 01, 2004

Inanidades




Interrogo-me como é que uma inanidade do género “XXX - Missão Radical” foi alardeada como filme do mês nos canais Lusomundo?