segunda-feira, novembro 24, 2003

Noite Sangrenta (2)


Relata, assim, uma testemunha ocular (Chianca de Garcia), a morte de Machado Santos, o herói da Rotunda:

«Hoje, por acaso, no Largo do Intendente, vi a famosa camioneta do crime no meio de uma balbúrdia sangrenta. Discutia-se. Nervoso, o velho herói de 1910 tentava convencer os homens que o cercavam: 'Vocês, rapazes, estão-me levando por equívoco. Eu, em casa, estava esperando o carro que devia levar-me a Belém, onde Manuel Maria Coelho, o chefe da revolução, está a esta hora depondo do poder António José de Almeida, para, logo a seguir, empossar-me a mim, Machado Santos, no cargo de presidente da República. Entendem? Eu é que vou ser o presidente. Vocês, rapazes, estão-me levando preso por equívoco, por equívoco, por equívoco [...]' Depois estoira uma descarga. E Machado Santos escorrega e cai ferido de morte. Este foi o seu fim.»

in Dicionário Enciclopédico da História de Portugal, Publicações Alfa, vol II

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