Já não há forma de contornar a questão, os novos programas de xadrez, aliados aos mais modernos computadores, já superam os humanos!O recente resultado de Bilbao, em que 3 reputados GM perderam pelo score de 8:4, foi mais uma acha para esta fogueira em que é iniludível a grande desvantagem dos humanos contra as máquinas.Nada que não fosse previsível e até nem podemos encarar a situação como dramática... Já há muito que sabíamos que não podíamos rivalizar com os computadores no cálculo bruto. Todavia, sobrava ainda uma ideia, algo romântica, de que o xadrez exigia, para além do cálculo, muita imaginação e intuição e, como tal, estas faculdades dificilmente poderiam ser transpostas para algoritmos, o que se traduziria numa vantagem para o ser humano a muito longo prazo.Temos de dar o mito como acabado.
Não é trágico, apenas temos que nos habituar à ideia!
sexta-feira, novembro 25, 2005
domingo, novembro 13, 2005
Míron
Dizia-se, na Antiguidade, sobre o bezerro que Míron esculpiu na Acrópole, que era tão realista que as vacas mugiam ao vê-lo.
Infelizmente, nenhuma das suas obras originais chegou até aos nossos dias. Todavia, a sua popularidade permitiu que os seus trabalhos fossem copiados e possamos ter uma ideia da qualidade da obra pelas várias réplicas do seu trabalho mais célebre - o Discóbolo.
Já muito foi dito acerca desta escultura, especialmente sobre a forma como Míron conseguiu captar o movimento e a tensão do atleta. Contudo, não nos podemos esquecer que estamos apenas a contemplar uma cópia, feita para ser vendida a ricos cidadãos romanos, que queriam com ela decorar as suas casas ou jardins. Provavelmente, estas representam apenas uma pequena amostra do que seria a obra original, sendo preciso usar de alguma imaginação para acedermos a toda a sua grandeza.
O desaparecimento da imensa escultura original grega, deve-se não apenas à acção do tempo, mas essencialmente ao facto do cristianismo vitorioso considerar uma autêntica obra pia a destruição dos ídolos pagãos.
Todos ficamos a perder!
Infelizmente, nenhuma das suas obras originais chegou até aos nossos dias. Todavia, a sua popularidade permitiu que os seus trabalhos fossem copiados e possamos ter uma ideia da qualidade da obra pelas várias réplicas do seu trabalho mais célebre - o Discóbolo.
Já muito foi dito acerca desta escultura, especialmente sobre a forma como Míron conseguiu captar o movimento e a tensão do atleta. Contudo, não nos podemos esquecer que estamos apenas a contemplar uma cópia, feita para ser vendida a ricos cidadãos romanos, que queriam com ela decorar as suas casas ou jardins. Provavelmente, estas representam apenas uma pequena amostra do que seria a obra original, sendo preciso usar de alguma imaginação para acedermos a toda a sua grandeza.
O desaparecimento da imensa escultura original grega, deve-se não apenas à acção do tempo, mas essencialmente ao facto do cristianismo vitorioso considerar uma autêntica obra pia a destruição dos ídolos pagãos.
Todos ficamos a perder!
quarta-feira, outubro 26, 2005
Rubens
Rubens, 'São Jorge', 1605-7.
© Museo Nacional del Prado, Madrid.
Rubens (1577-1640) foi dos poucos pintores geniais que gozou, na sua vida, da fama e do sucesso. De facto, Rubens era, na época, um dos pintores mais cobiçados nas cortes europeias.
Vai estar patente uma exposição na National Gallery de Londres versando a obra inicial deste fabuloso pintor do período barroco. A exposição cobre os primeiros anos da sua carreira (entre 1597 a 1614), período em que Rubens absorvia ainda sofregamente as técnicas dos mestres italianos do Renascimento.
Rubens caracterizou-se pelo seu estilo grandioso, pela maestria na composição, pelas cores exuberantes e efeitos de luz.
Uma visita que valerá a pena a quem puder e quiser conhecer o percurso que tornou possível este génio!
domingo, outubro 09, 2005
Mistérios de Leonardo
Será esta mulher Maria Madalena ou Lucrécia? O que está ela a esconder? Até que ponto é que Leonardo participou na elaboração desta obra?
Esta é uma obra atribuída aos alunos de Leonardo. Mas, tal como muitas outras, pode ter várias pinceladas do mestre.
Leonardo é um poço de mistérios que tardam em ser esclarecidos. O recente sucesso do "Código da Vinci" aguçou as atenções e o apetite a um público muito mais vasto pela obra de Leonardo. Daí que a exposição intitulada: "Leonardo. Genio e visione in terra marchigiana" será certamente um êxito e também uma das raras oportunidades de visualizar obras menos conhecidas em que Leonardo tenha, de algum modo, influenciado ou aplicado os seus dotes.
terça-feira, agosto 30, 2005
Bombas sobre Santa Maria del Pilar
Na madrugada de 3 de Agosto de 1936, um avião republicano sobrevoou a cidade de Saragoça, volteando sobre a basílica da Virgem e largando três bombas sobre o templo. Duas atingiram o telhado do edifício e uma outra caiu no pátio. O curioso desta história é que nenhuma delas explodiu, o que foi apontado desde logo como mais um espantoso milagre da Virgem.
As duas bombas que atingiram o edifício ainda hoje estão expostas no seu interior, intrigando todos aqueles que não estão a par do acontecimento.
A explicação mais racional para o facto de nenhuma das bombas ter explodido encontra-se no facto do avião voar a muito baixa altitude e, como tal, a altura não ser suficiente para despoletar o sistema que induz o explosivo.
Seja como for, este é um episódio curioso da Guerra Civil de Espanha.
segunda-feira, agosto 29, 2005
Aonde pára "La Rana"?
Quem visita pela primeira vez Salamanca e não souber da história, pasma quando vê um ror de pessoas especadas a olhar para a porta da Universidade. Apesar do espantoso trabalho de cantaria (autêntica filigrana), não percebemos a insistência e a atenção votadas.
Afinal, o mistério está em descobrir "la Rana" (a Rã). Segundo a lenda, o estudante que a descobrir acaba os seus estudos e casa-se. Se já for casado, pode pedir um desejo que se cumprirá.
Para aqueles estudantes que fiquem aflitos perante esta fachada, fica aqui uma pista para a descoberta:
domingo, agosto 21, 2005
Catedral de Tuy
Já uma vez tinha entrado neste curioso e imponente edifício, mas a visita tinha sido demasiado fugaz. É desde logo curioso, pela mistura de estilos (românico, gótico, renascentista e barroco), pela imponência e majestade que ainda transpira.
O seu portal, já gótico, é magnífico e, desde logo, a nossa vista perde-se aí, na miríade de figuras que podemos contemplar e procurar o significado. Destaque-se, a primeira figura a contar da direita, o rei Afonso IX, patrono do edifício e marido da nossa D.Teresa, a obreira do Lorvão, referida no post anterior.
O interior não é menos fascinante. A pesada estrutura granítica esmaga-nos, tanto mais que algo nos desconcerta ao identificarmos claramente o estilo românico - à semelhaça de Santiago de Compostela, mas de uma dimensão mais próxima de uma Sé Velha ou Sta Cruz de Coimbra - com um remate de abóbada claramente gótico. Como a estrutura original não estava concebida para tamanhas alturas, rapidamente se improvisaram soluções para estabilizar o edifício que ameaçava ruir com o peso da abóbada. À falta dos arcobotantes típicos do gótico, utilizaram-se uns tirantes entre os pilares que suportam a abóbada. Estes foram aplicados ao longo dos séculos, sendo o último do séc. XVIII.
Muito há de interessante para observar, nos altares e capelas interiores. Mostra-se aqui este invulgar Cristo (verde!?) apenas para aguçar o apetite.
O claustro (gótico cisterciense, semelhante ao de Alcobaça) e os jardins do paço episcopal, com excelente vista sobre Valença, são um deleite para os sentidos.
No final, ainda tive um bónus, com um admirável concerto de órgão absolutamente inesperado!
terça-feira, julho 26, 2005
Uma Visita ao Mosteiro do Lorvão
O mosteiro situa-se num vale profundo, rodeado de vegetação, em que, infelizmente, abunda o eucalipto. Em algumas alas do antigo mosteiro, funciona agora o hospital psiquiátrico. Esta nova função não nos passou desapercebida, pois manifestou-se desde logo na recepção, após o estacionamento. Um grupo de pacientes rodeou os automóveis, simulando um auxílio no parqueamento, e pedindo, alguns, a respectiva moedinha; outros, acenavam e cumprimentavam de forma infantil as crianças.
Todo o edifício respira o último período áureo que viveu no séc. XVIII, com o barroco a mostrar ainda o seu esplendor. Das épocas mais recuadas, já poucos vestígios sobram.
Numa pequena dependência, junto à cabeceira, funciona um pequeno museu com os despojos daquilo que outrora terá sido um riquíssimo espólio. Todavia, o pouco que resta, da escultura, pintura, paramentos e outros objectos da vida monacal não deixa de ser interessante.
Felizmente, existe um guia - que debita de um fôlego aquilo que lhe ensinaram - a elucidar-nos sobre a história de cada objecto, ou obra de arte. Após a visita do pequeno museu, vamos para o interior da igreja propriamente dita. Aqui, somos levados a ver os túmulos da rainha desquitada D. Teresa, filha de Sancho I e casada alguns anos com Afonso IX de Castela. Esta foi a grande responsável pela transformação do mosteiro - para acolher freiras, em vez de frades, no séc. XIII. De beneditino, passou a reger-se pela ordem de Cister, sendo o primeiro feminino desta ordem em Portugal. Do outro lado, temos o túmulo da irmã, D. Sancha, fundadora do mosteiro de Celas, em Coimbra.
O local do órgão está vazio, devido ao restauro do instrumento. Sobressai, por detrás da grade que separava as freiras dos vulgares fiéis, o imponente cadeiral de madeiras nobres, do qual infelizmente se perdeu alguma parte, num incêndio que lavrou não há muitos anos.
Finalmente, pudemos ver o claustro de traça renascentista.
Saídos do mosteiro, após dar uma merecida gorjeta ao guia, fomos provar os doces conventuais na pastelaria em frente. Este é dos poucos exemplos de vitalidade nesta terra, que parece ter acompanhado de perto a decrepitude do seu mosteiro. Muitas das casas, que algum dia foram majestosas, encontram-se votadas a um abandono confrangedor.
domingo, junho 26, 2005
Shostakovich e Alekhine
A propósito do seu gosto pelo xadrez, o célebre músico russo contava a seguinte anedota, recolhida da biografia do compositor russo publicada pelo polaco Krzystof Meyer.
"Quando vivia em Leninegrado, nos primeiros anos após a revolução, não perdia um filme. Gostava apaixonadamente de cinema. Incluso trabalhei como pianista num cinema e tocava para vários filmes mudos. Um dia fui ao cinema. Na entrada, os espectadores folheavam os jornais aí expostos. Aparece então um homem de aspecto discreto, vestido sobriamente. Lança um olhar melancólico sobre uma das mesas, em que uma partida de xadrez havia ficado descuidadamente interrompida. Estava examinando atentamente a posição das figuras; exclamei então:
- E se jogássemos uma partida?
O homem observou-me, sorriu com benévola indulgência, e aceitou.
A rapidez das minhas jogadas deixaram o meu adversário perplexo; indubitavelmente não sabia jogar como um sprinter, como eu. Reflectiu alguns instantes e, antes que me desse conta, o meu rei já se encontrava numa posição catastrófica. Nervosamente procurei a salvação, sentindo o olhar penetrante do desconhecido sobre mim. Acabou por dar-me xeque-mate com incrível facilidade. Nunca havia perdido de tal forma.
Mesmo assim, algo no meu jogo lhe chamou a atenção, pois perguntou-me:
- Jogas xadrez há muito tempo?
- Três anos respondi.
Dirigiu-me mais uma pergunta:
-Conheces-me?
- Não.
Soaram as campainhas, o filme ia começar.
- Nesse caso, apresento-me: Alexander Alekhine... E entrou na sala.
Durante a projecção, não olhava o écran, fixava o meu olhar em Alekhine. A partir daquele momento converti-me num ardente seguidor de todas as suas partidas. Quando em 1927 bateu o campeão mundial, o célebre Capablanca, na Argentina, a minha alegria não foi inferior à do próprio Alekhine.
terça-feira, junho 07, 2005
Limão e alho contra a SIDA
Esta é a receita que a ministra da saúde Sul-Africana, Manto Tshabalala, recomenda contra a SIDA.
Tudo em nome de evitar os efeitos indesejáveis dos medicamentos retrovirais. Ou, como poupar nas contas da saúde num país com mais de 5 milhões de infectados.
segunda-feira, junho 06, 2005
Google Print
O projecto faraónico "Google Print", que permitirá aceder a uma biblioteca digital de 15 milhões de livros, já se encontra em fase experimental no endereço:
http://print.google.com/
RatDVD
Uma nova fonte de inquietação para a indústria do cinema. Um grupo de estudantes das universidades de St. Petersburgo (Rússia) e Aarhus (Alemanha) desenvolveram um software de compressão de vídeo (RatDVD) capaz de comprimir para um ficheiro de 1GB todo o conteúdo de um DVD, sem perda visível de qualidade. O que poderá levar a um incremento da troca de filmes pela Internet.
Microsoft Office passará a usar ficheiros XML
A Microsoft adoptará a tecnologia XML (Extensible Markup Language) para a nova versão do Office (para já conhecido como Office 12).
Os formatos XML permitem ficheiros mais reduzidos e uma melhor recuperação caso estejam danificados ou corrompidos.
Aliança Mac + Intel
Desiludam-se os puristas da mítica marca Apple Macintosh. Finalmente, a Apple soçobrou frente aos apelos dos processadores mais rápidos e baratos da Intel.
A necessidade assim obriga.
A necessidade assim obriga.
quarta-feira, maio 18, 2005
Experimentem o "TOOGLE"!?
Baseado no popular motor de busca Google, o Toogle vai deixar-vos surpreendidos.
Experimentem pesquisar com o Toogle e relatem a experiência... Vão adorar!
http://c6.org/toogle/
sexta-feira, abril 01, 2005
Artemisia Gentileschi
Judite decapitando Holofernes
Numa época em que a pintura era um mundo exclusivamente masculino, não por falta de talentos femininos, mas porque o acesso ao estudo e métier da pintura era reservado aos homens, Artemisia Gentileschi destacou-se neste mundo tornando-se o primeiro grande nome da pintura no feminino.
Artemisia Gentileschi nasceu em Roma em 1593. Era filha de um pintor talentoso Orazio Gentileschi, que dominava muito bem a técnica de claro/escuro, muito na linha de Caravaggio. Artemisia vai ser muito influenciada por estes grandes nomes da pintura barroca.
Depois de receber os primeiros ensinamentos do seu pai, este, perante a impossibilidade desta frequentar a Academia, vai entregá-la aos cuidados de um amigo (Agostino Tassi). Tassi aproveitou-se da juventude e ingenuidade da jovem pintora. Acabou por a seduzir e violar. Esta violação deu origem a um longo, humilhante e penoso processo judicial, a que Artemisia se viu exposta e vilipendiada.
Sabe-se hoje que Tassi acabou por ser condenado a um exílio de Roma por um período de cinco anos. Este exílio acabou por durar apenas quatro meses, graças às influências que ele soube mexer.
A obra de Artemisia vai reflectir este desejo de vingança. Neste quadro, tema recorrente na pintora, o general assírio Holofernes é decapitado por Judite, que assim libertou o seu povo (judeu) do jugo dos pagãos. Judite é quase um auto-retrato da própria Artemisia: forte, vingadora e convicta. A degolação pode simbolizar a castração que ela certamente queria infligir ao seu abusador.
A pintora trabalhou arduamente para sustentar a família, visto que o seu marido, que gostava demasiado do jogo, apenas contribuía para que as dívidas se acumulassem.
Durante muito tempo a obra de Artemisia foi injustamente esquecida e por vezes atribuída a seu pai.
Hoje o seu reconhecimento é universal e constata-se que a sua obra contém, em muitos casos, um ponto de vista único, feminino e até feminista, extremamente avançado para a sua época.
sexta-feira, março 18, 2005
O Grito
O célebre quadro "O Grito" de Edvard Munch, cujo paradeiro ainda é desconhecido, continua a suscitar inúmeras polémicas entre os peritos de arte.
Este quadro é frequentemente apresentado como um ícone da angústia existencial. Uma das grandes discussões é se a figura que lá aparece está a gritar ou a ouvir um grito.
A maioria daqueles que conhecem o quadro julga que a figura está a gritar. No entanto, o próprio Munch na referência escrita que deixou sobre a obra, falava num grito da natureza. Mesmo com esta referência, alguns acham que a figura é a personificação deste grito.
Aqueles que conhecem o local, em Oslo, que serviu de fundo à pintura, falam de um matadouro próximo e até de um hospital psiquiátrico. Os gritos poderiam vir daí, da agonia dos animais perante a morte ou dos pacientes do hospital.
Alguns destacam o facto de ele ter conseguido pintar um som. Traduzem este como a ansiedade de uma pessoa no mundo actual.
É evidente que todas estas interpretações resultam da forma como cada um ajuíza aquilo que vê. A arte é isso mesmo, provoca sensações que diferem de pessoa para pessoa conforme a sensibilidade de cada um.
Afinal, se a figura está a gritar ou a ouvir um grito, pouco importa...
terça-feira, março 15, 2005
Castelo de Vide
Recentemente visitei Castelo de Vide.
Sem dúvida, esta é uma das mais belas vilas do nosso país.
As suas origens medievais são ainda bem visíveis no impressionante conjunto de portas ogivais e a sua importância ao longo dos séculos traduz-se no acervo de igrejas, casas nobres, fontes e judiaria, disperso pelas ruas de traçado íngreme e sinuoso.
Esta é daquelas vilas que, se bem conservada e explorada turisticamente, poderia atrair inúmeros visitantes e ombrear, nos destinos turísticos, com Óbidos.
Infelizmente, contrariamente a Óbidos, Castelo de Vide só quase por acidente é que se visita e, mais grave ainda, o seu património está a degradar-se de forma visível e incompreensível.
Não se compreende que uma vila com estas potencialidades praticamente não possua lojas de artesanato; cafés, que não façam lembrar os vulgares cafés de aldeia que proliferam nas freguesias do nosso país, e até mesmo os restaurantes se contam pelos dedos de uma mão.
É certo que a sobre-exploração turística é indesejável, mas aqui é o deserto absoluto, a desolação inexplicável.
O património abandonado, igrejas esventradas a aguardar ruína e casas medievais de que só resta a fachada, merecia melhor sorte. Não se compreende como estas casas não são recuperadas para o comércio (lojas de artesanato ou pequenos bares, como em Óbidos e até Marvão, que felizmente tem melhor sorte).
Por outro lado, o Castelo está com obras de vulto, onde o cimento é bem mais visível do que seria desejável...
Sem dúvida, esta é uma das mais belas vilas do nosso país.
As suas origens medievais são ainda bem visíveis no impressionante conjunto de portas ogivais e a sua importância ao longo dos séculos traduz-se no acervo de igrejas, casas nobres, fontes e judiaria, disperso pelas ruas de traçado íngreme e sinuoso.
Esta é daquelas vilas que, se bem conservada e explorada turisticamente, poderia atrair inúmeros visitantes e ombrear, nos destinos turísticos, com Óbidos.
Infelizmente, contrariamente a Óbidos, Castelo de Vide só quase por acidente é que se visita e, mais grave ainda, o seu património está a degradar-se de forma visível e incompreensível.
Não se compreende que uma vila com estas potencialidades praticamente não possua lojas de artesanato; cafés, que não façam lembrar os vulgares cafés de aldeia que proliferam nas freguesias do nosso país, e até mesmo os restaurantes se contam pelos dedos de uma mão.
É certo que a sobre-exploração turística é indesejável, mas aqui é o deserto absoluto, a desolação inexplicável.
O património abandonado, igrejas esventradas a aguardar ruína e casas medievais de que só resta a fachada, merecia melhor sorte. Não se compreende como estas casas não são recuperadas para o comércio (lojas de artesanato ou pequenos bares, como em Óbidos e até Marvão, que felizmente tem melhor sorte).
Por outro lado, o Castelo está com obras de vulto, onde o cimento é bem mais visível do que seria desejável...
segunda-feira, março 14, 2005
Caravaggio
Aqui há dias chamei a atenção para a exposição de Dürer em Madrid. Contudo, neste momento decorre uma outra grande exposição, num outro grande museu - National Gallery, em Londres. Aqui é Caravaggio, o mestre por excelência da luz e do jogo claro/escuro.
Os trabalhos expostos são do período final da sua carreira, nos inícios do séc. XVII. O período mais rico e interessante, já muito longe da relativa frivolidade que caracterizava as suas primeiras obras.
Neste período, em que Caravaggio teve de fugir para Roma, por ter morto um homem num duelo, a sua obra é muito mais dramática e introspectiva.
Para os felizardos que possam lá ir é um evento absolutamente imperdível.
domingo, março 13, 2005
Vilarinho da Furna
Bombardeado pelas imagens televisivas, não resisti em juntar-me à romaria rumo à aldeia de Vilarinho da Furna, submersa em 1972 pela construção de uma barragem e que periodicamente (em anos de seca?) vê novamente a luz, com o rebaixar do nível das águas.
Depois de atravessar a barragem, fomos confrontados com uma portagem de 2€ por carro ou 0,50€ por pessoa, através daqueles que se intitulavam ex-moradores (proprietários) da extinta aldeia. Paga a portagem, seguimos viagem pelo caminho que parecia transitável a uma viatura que estava longe de ser todo-o-terreno.
Passada a primeira curva, começamos a vislumbrar o logro em que caímos. O caminho tornou-se estreitíssimo, de terra batida, esburacado e a fazer recear que a viagem não teria retorno. O pesadelo agravou-se com a terrível descoberta de que a volta se faria exactamente pelo mesmo caminho e que o trânsito se efectuaria simultaneamente nos dois sentidos, sem que alguém orientasse o fluxo ou as prioridades.
O inevitável acontecia, o trânsito bloqueava quando a estrada não permitia dois carros em paralelo. Obrigava os condutores a ter calafrios ao ver abeirar-se o precipício das águas, quando o cruzamento era inevitável; a passar a milímetros dos veículos que circulam no sentido contrário, porque mais vale raspar que cair.
Enfim, a todos que lerem esta crónica e que tenham vontade de lá ir, deixem o carro próximo da barragem e desloquem-se a pé. São 2 Km de percurso, que vale a pena percorrer.
Chegados ao destino, a visão é impressionante. A aldeia conserva ainda a sua dignidade. As casas em pedra, dispostas em aparelho ciclópico não muito tosco, a mostrar que esta não era uma aldeia qualquer. Sente-se nobreza naquelas ruínas.
Depois de atravessar a barragem, fomos confrontados com uma portagem de 2€ por carro ou 0,50€ por pessoa, através daqueles que se intitulavam ex-moradores (proprietários) da extinta aldeia. Paga a portagem, seguimos viagem pelo caminho que parecia transitável a uma viatura que estava longe de ser todo-o-terreno.
Passada a primeira curva, começamos a vislumbrar o logro em que caímos. O caminho tornou-se estreitíssimo, de terra batida, esburacado e a fazer recear que a viagem não teria retorno. O pesadelo agravou-se com a terrível descoberta de que a volta se faria exactamente pelo mesmo caminho e que o trânsito se efectuaria simultaneamente nos dois sentidos, sem que alguém orientasse o fluxo ou as prioridades.
O inevitável acontecia, o trânsito bloqueava quando a estrada não permitia dois carros em paralelo. Obrigava os condutores a ter calafrios ao ver abeirar-se o precipício das águas, quando o cruzamento era inevitável; a passar a milímetros dos veículos que circulam no sentido contrário, porque mais vale raspar que cair.
Enfim, a todos que lerem esta crónica e que tenham vontade de lá ir, deixem o carro próximo da barragem e desloquem-se a pé. São 2 Km de percurso, que vale a pena percorrer.
Chegados ao destino, a visão é impressionante. A aldeia conserva ainda a sua dignidade. As casas em pedra, dispostas em aparelho ciclópico não muito tosco, a mostrar que esta não era uma aldeia qualquer. Sente-se nobreza naquelas ruínas.
sábado, março 12, 2005
Garri Kasparov
O que leva Kasparov a abandonar o xadrez profissional? As razões aduzidas (desentendimentos com a FIDE; vontade de dedicar-se à política) parecem-me coisa pouca. Kasparov é talvez o maior génio de sempre do tabuleiro. Os génios não se deveriam poder dar ao luxo de deixar de ser génios, porque simplesmente o são.
Dificilmente conceberíamos que Leonardo da Vinci abandonasse voluntariamente a pintura, no auge do seu poder criador, ou Miguel Ângelo, ou Mozart, ou todos aqueles que adquiriram o estatuto de imortais na área em que se distinguiram.
No xadrez já aconteceu algo similar com o norte-americano Fischer, mas esse, a par da genialidade, sofre de notórios distúrbios psiquiátricos...
sexta-feira, março 11, 2005
Albrecht Dürer
Dürer; Auto-Retrato aos 13 anos 1484 | Dürer; Auto-Retrato, 1498 |
Madrid, é hoje, neste dia 11 de Março, uma cidade sobre a qual pesam tristes recordações.
Se, no entanto, se deslocar a esta cidade, até ao próximo dia 29 de Maio, não poderá deixar de fazer uma visita ao Museu do Prado e ver a exposição dedicada ao extraordinário pintor alemão Albrecht Dürer.
A exposição conta com mais de 50 obras do artista que foi um verdadeiro Homem do Renascimento. Minucioso, reflexivo, versátil e abrangente, a sua obra foi admirada pelos seus contemporâneos, tanto no Norte como no Sul.
Se, no entanto, se deslocar a esta cidade, até ao próximo dia 29 de Maio, não poderá deixar de fazer uma visita ao Museu do Prado e ver a exposição dedicada ao extraordinário pintor alemão Albrecht Dürer.
A exposição conta com mais de 50 obras do artista que foi um verdadeiro Homem do Renascimento. Minucioso, reflexivo, versátil e abrangente, a sua obra foi admirada pelos seus contemporâneos, tanto no Norte como no Sul.
terça-feira, março 08, 2005
Angústia, solidão e medo em alta
Edvard Munch, "Vestido Azul"
Neste fim-de-semana, foram roubados mais três quadros do pintor norueguês Edvard Munch. Depois do incrível roubo, no Museu Munch, do ícone da angústia existencial - "O Grito" - e da "Madona", no ano passado, e dos quais aparentemente ainda nada se sabe, mais uma vez os larápios de arte escolheram obras deste talentoso pintor que rapidamente ultrapassou as fronteiras do seu país e teve uma influência vital no desenvolvimento do expressionismo alemão dos anos 20.
Desta vez, as obras escolhidas - "Vestido Azul", de 1915 e duas litografias - foram furtadas do Hotel Refnes Gods, na cidade de Moss, a sul de Oslo.
Entretanto, a polícia de Oslo teve agora mais sucesso e já conseguiu recuperar os trabalhos. Parece que os autores do furto foram jovens na casa dos vinte anos. Ainda não se sabe se há qualquer ligação entre este caso e o roubo do museu.
segunda-feira, março 07, 2005
Debbie Harry 'Koo Koo'
Artist: H.R. Giger
Quem é que sendo adolescente nos inícios dos anos 80 não ficou impressionado com a capa deste 'album' (como na altura se dizia)?
Os Blondie, com Debbie Harry, eram 'comerciais' (outro termo que se usava na época). Mas esta capa, da autoria de Giger, afixada nas lojas de discos, prendia-nos o olhar.
quinta-feira, março 03, 2005
Altamira
As representações animais, numerosas durante o período aurinhacense e nas épocas ulteriores, são, contrariamente às figuras humanas, mais simbólicas, dum realismo surpreendente. Esta arte vibrante é caracterizada por uma concepção "visual" e dinâmica do animal.
Escondidas nas entranhas da Terra, fora do alcance dos intrusos, estas imagens obedeceram a um propósito muito mais sério que o simples gosto de decorar. Provavelmente, foram executadas para servir um rito mágico destinado a assegurar êxito na caça.
O animal tombou no chão, moribundo, as patas já não podem com o corpo, mas baixa a cabeça para tentar defender-se das azagaias que lhe arremessam. É uma imagem viva e realista, assombrosa pela agudeza da observação, pelo traçado firme e vigoroso, pelos matizes subtis que dão volume e relevo às formas ou, talvez pela força e dignidade da fera agonizante. in Janson, H. W., História da Arte, Fundação Calouste Gulbenkian |
terça-feira, fevereiro 22, 2005
A Cruzada das Crianças
Um estranho fenómeno ocorreu por volta de 1212, quando um pastorinho de Vendôme, no Noroeste de França, chamado Stephen, arrastou atrás de si um grupo numeroso de crianças para combater na Terra Santa, variando em idade dos seis anos para a maturidade. Deixaram os arados, os rebanhos, e qualquer outra coisa que estavam fazendo. Não ligaram ao apelo dos pais para que se retirassem da louca aventura. Quando lhes perguntavam para onde se dirigiam, respondiam: "Para Deus!". Por onde passavam recebiam esmolas e bênçãos. Chegaram a Marselha mais de 30.000 rapazes e raparigas.
Aqui, dois mercadores (Hugo Ferreus e William Porcus) ofereceram-se para os transportar a Jerusalém. Sete navios partiram imediatamente. Dois destes afundaram-se nas costas da Sardenha, os outros chegaram ao Egipto, onde foram vendidos como escravos pelos 'beneméritos' mercadores que os transportaram.
Mais tarde, à guisa de consolação, o imperador Frederico II mandou enforcar estes mercadores.
Um fenómeno similar ocorreu, pela mesma altura, na Alemanha, em que um jovem adolescente de Colónia (Nicholas) terá reunido à sua volta mais de 20.000 rapazes e raparigas. Atravessaram os Alpes entoando cânticos. Este exército já estava consideravelmente diminuído quando chegou a Brindes. O bispo da região teve o bom senso de impedir o seu embarque e poupá-los à mesma sorte que os franceses.
Muitos acreditavam ver nestes movimentos de jovens o caminho que os adultos deveriam seguir.
Para saber mais!
sábado, janeiro 15, 2005
Titã
Eis Titã!
A sonda Huygens está a revelar um mundo verdadeiramente surpreendente...
Vamos seguir atentamente esta missão.
Frase do dia
"O Pélé calado é um poeta!"
Proferida por Romário, a propósito de Pélé ter considerado estar na altura (39 anos) deste jogador se retirar do futebol.
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