terça-feira, julho 26, 2005

Uma Visita ao Mosteiro do Lorvão


O mosteiro situa-se num vale profundo, rodeado de vegetação, em que, infelizmente, abunda o eucalipto. Em algumas alas do antigo mosteiro, funciona agora o hospital psiquiátrico. Esta nova função não nos passou desapercebida, pois manifestou-se desde logo na recepção, após o estacionamento. Um grupo de pacientes rodeou os automóveis, simulando um auxílio no parqueamento, e pedindo, alguns, a respectiva moedinha; outros, acenavam e cumprimentavam de forma infantil as crianças.
Todo o edifício respira o último período áureo que viveu no séc. XVIII, com o barroco a mostrar ainda o seu esplendor. Das épocas mais recuadas, já poucos vestígios sobram.


Numa pequena dependência, junto à cabeceira, funciona um pequeno museu com os despojos daquilo que outrora terá sido um riquíssimo espólio. Todavia, o pouco que resta, da escultura, pintura, paramentos e outros objectos da vida monacal não deixa de ser interessante.

Felizmente, existe um guia - que debita de um fôlego aquilo que lhe ensinaram - a elucidar-nos sobre a história de cada objecto, ou obra de arte. Após a visita do pequeno museu, vamos para o interior da igreja propriamente dita. Aqui, somos levados a ver os túmulos da rainha desquitada D. Teresa, filha de Sancho I e casada alguns anos com Afonso IX de Castela. Esta foi a grande responsável pela transformação do mosteiro - para acolher freiras, em vez de frades, no séc. XIII. De beneditino, passou a reger-se pela ordem de Cister, sendo o primeiro feminino desta ordem em Portugal. Do outro lado, temos o túmulo da irmã, D. Sancha, fundadora do mosteiro de Celas, em Coimbra.
O local do órgão está vazio, devido ao restauro do instrumento. Sobressai, por detrás da grade que separava as freiras dos vulgares fiéis, o imponente cadeiral de madeiras nobres, do qual infelizmente se perdeu alguma parte, num incêndio que lavrou não há muitos anos.


Finalmente, pudemos ver o claustro de traça renascentista.

Saídos do mosteiro, após dar uma merecida gorjeta ao guia, fomos provar os doces conventuais na pastelaria em frente. Este é dos poucos exemplos de vitalidade nesta terra, que parece ter acompanhado de perto a decrepitude do seu mosteiro. Muitas das casas, que algum dia foram majestosas, encontram-se votadas a um abandono confrangedor.

5 comentários:

Anónimo disse...

Bonito blog.

Anónimo disse...

Tive oportunidade de visitar Lorvão no final de agosto passado. É impressionante o abandono em que tudo se encontra. Mas, pior ainda: é degradante como o poder político (Junta de Freguesia e Câmara Municipal) trata a paisagem ou o planeamento urbano, não só desta freguesia mas um pouco por todo o país.
Assim, um sítio calmo e extraordinário se vai transformando num monte de cacos e desagradável.

The New Trolha disse...

Realmente é impressionante, especialmente para quem é Lorvanense como eu e que tem orgulho nisso.
Como turistas que sois deslocados da realidade o que foi antigamente um apoio da fé cristã é hoje um apoio aqueles que são abandonados por toda a sociedade e encontram no antigo mosteiro e nos lorvanenses alguem que os acolhe e os trata condignamente.
Se o mosteiro tambem se encontra ao abandono e isso não o posso negar e por força tanto dos poderes locais como nacionais especialmente estes ultimos que a muito nos esqueceram.
Se encontram um vazio em vez de um majestoso orgão de tubos e porque o estado nao pagou as dividas a quem o reparou.
Se no museu encontraram apenas vestigios do espolio e porque literalmente foi espoliado e se visitarem a torre do tombo ou o museu machado de castro em coimbra vão ver grande parte da riqueza que existia em lorvão que nos foi retirada e nunca ninguem fez nada para a recuperar.
se por um lado me indigna a maneira como descreveram o local onde cresci por outro e vendo com os olhos de um visitante infelizmente sou obrigado a dar vos alguma razão.
Mas talvez se nos visitarem mais e reclamarem mais das condiçoes que encontrem talvez um dia alguem olhe para nos e faça alguma coisa para mudar.
Apesar de tudo o que disse um muito obrigado pela vossa visita e a todos os que lerem o vosso blog estão convidados a visitar LORVÂO

Anónimo disse...

Visitei o Mosteiro em Maio/09, sou brasileira, neta de portugueses de Penacova, fiquei triste ao ver o estado que se encontra este Mosteiro e já solicitei em outro blog que as autoridades pertinentes tomem providências pois valeria recuperar o que foi perdido, despachado. Lorvão merece e os lorvanenses também. Espero se voltar lá que o encontre recuperado.helianarc@hotmail.com

antonio ponte disse...

Visitei hoje o Mosteiro do Lorvão,e fiquei encantado com o pouco que sobrou,do k deve ter sido uma riqueza imensa. Os acessos ao mosteiro são complicados por qualquer dos dois lados ;a sua transformação em Hospital Psiquiatrico deve ter estragado muito do patrimonio arquitectonico que os imensos corredores e salas deveriam ter contido, mas se calhar salvou o edificio de cair de pôdre, como é cosrume neste paÍs. à entrada da Igreja alguns pobres dementes internados vêm pedir esmola (espectaculo deprimente e k nada dignifica o monumento). Na verdade tem "guia" que cobra as entradas e se dispoe a mostrar as salas visitaveis. Este senhor debita a sua lenga-lenga duma forma monotona e monocordica, com uma rapidez impossivel de acompanhar, e ao mesmo tempo saborear o monumento , k talvez melhor fora imprimir um prospecto para elucidar o visitante. Na "sala do mobiliário" salvou-se o k os antiquarios despediçaram entre meia duzia de bancos e quadros sem grande valia artistica. A outra "sala do tesouro" ja tem recheio de maior valia,embora muito desigual no aspecto da qualidade. Duma forma confrangedora estão os paramentos arrumados em armarios sem as minimas condições. Seria impossivel arranjar mais uma sala para os expor condignamente?No "transepto" existem 2 quadros grandiosos com mais de 5 metros de altura, profundamente estragados,que o guia disse irem ser em breve objecto de recuperação e restauro. Restauro e recuperação muito dificil dado o estado lastimoso a k chegaram tais pinturas;qual vai ser o atelier de restauro e k experiencia tera nesse trabalho?Por outro lado é óbvio e evidente que o sol entra directamente pelas janelas do zimborio e incide directamente nas pinturas;que medidas se irão tomar para evitar este factor de degradação da pintura?se é k se pensou neste aspecto?(porque neste país habitualmente não se pensa duma forma global,ou quando se pensa não se concretizam todas as medidas).Se forem recuperadas as pinturas??? (em Portugal nunca ha verba para nada),alem dos danos da iluminação directa pelo sol,ha ainda k pensar nas condições de temperatura e humidade dentro da igreja, para evitar o cheiro a mofo k se nota na sala do mobiliario. Este aspecto tambem foi pensado?provàvelmente não.Esta visita motiva-me inumeros comentarios,mas os aspectos focados para ja,são os fundamentais. Nem me vou referir ao cadeiral incompleto,ao orgão desfeito e arrumado para um canto,às infiltrações de humidade,etc,etc....Ficarão para uma proxima observação.