Já há muito tempo que não visitava esta bonita vila e impressionante praça de guerra fronteiriça. O conjunto da fortaleza, de forma hexagonal, com 2500 m de perímetro, assemelhando-se a uma estrela de 12 pontas, é, sem dúvida, uma das mais belas jóias da arquitectura militar abaluartada do país.
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A actual estrutura remonta ao séc. XVII, como resultado da Guerra de Restauração da independência.
A sua existência foi algo atribulada. O momento de assédio que mais marcou a vila foi quando esta, cercada por tropas francesas, sob o comando do general Massena (Agosto de 1810), foi atingida pelo fogo da artilharia inimiga, que fez explodir o paiol de pólvora, matando e ferindo mais de 500 pessoas. As marcas ainda são visíveis, como podem ver na foto seguinte:

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A vila e a sua fortaleza lá continuam, bem conservadas. Todavia, senti um pouco o que já descrevi na minha visita a Castelo de Vide, no ano anterior. Pasmo ver uma terra com tamanhas potencialidades turísticas tão desaproveitada e com tão pouco dinamismo e investimento no seu património. Por duas vezes que a visitei, em dias distintos, acabei por inevitavelmente parar num dos poucos (senão o único) bar aberto. Este, estava repleto de estudantes que, em período de férias, não tinham outro poiso para conviver.
O magnífico conjunto arquitectónico vale bem a visita, mas o posto de turismo local nem sequer folhetos da vila tinha. É certo que podiam estar momentaneamente esgotados, mas tornou-se caricato, pois deram-me folhetos de muitas aldeias e vilas das redondezas, menos da que estava a visitar!?
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A sensação é de desleixo e desinvestimento. Parece que a inércia está a deixar a pequena localidade envelhecer como os seus canhões. Triste sorte para uma maravilhosa povoação que, com outra vontade mais enérgica, poderia candidatar-se a património mundial.
1 comentário:
É o infeliz estado de um país que prefere prestar tributo a políticos e políticas, em vez de o fazer à sua memória colectiva, e ao que tem de melhor dentro de portas.
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