Anish Kapoor - Shooting into the Corner
Recentemente visitei a região do País Basco. A visita a Bilbao não poderia deixar de incluir uma passagem pelo Guggenheim. Fiquei tocado pelo extraordinário edifício projectado por Frank Gehry, pelos trabalhos de Richard Serra, pelas colunas de leds de Jenny Holzer, pela “fonte de fogo e névoa” de Yves Klein e pela aranha “Mamá” de Louise Bourgeois. Contudo, senti um verdadeiro murro no estômago ao visitar o segundo piso, onde se encontrava uma exposição temporária de Anish Kapoor.
Confesso que não conhecia este artista de origem indiana e judaica, nascido em Bombaim, em 1954. Agora sei que brevemente será universalmente reconhecido com a construção da torre de Londres para os Jogos Olímpicos de 2012.
A aproximação à sua obra deu-se com o barulho de um disparo de canhão, de tal forma inusitado num espaço museológico que se fazia sentir até pelos mais distraídos e apressados. Quando me aproximei da sala, de onde procedia esse som , sofri novo impacto, desta vez visual, com a massa sanguinolenta que escorria das paredes até se acumular em grandes quantidades no chão de uma sala pintada de um branco alvo, manchado pelo vermelho sanguíneo, “mais negro que o negro”, como afirma com todo o sentido o próprio autor. Este seu trabalho intitulado “Shooting into the Corner” não deixa ninguém indiferente. Podem ter uma pálida amostra desta sensação através do vídeo, que não transmite de forma alguma a riqueza sonora e visual do trabalho.
A utilização da cera vermelha, cor de sangue, estava presente em mais um grande trabalho “My Red Homeland” numa outra sala. Para além destas, todas as esculturas de cores intensas de ricas texturas resultantes de materiais como cimento, cera, alumínio, resinas e pigmentos, foram criadas para interagir com o público e o espaço arquitectónico onde estão expostas.
Um autor que passei a admirar e que não deixarei de acompanhar futuramente o seu trabalho.