sábado, agosto 30, 2008

Rua de Ponte de Lima


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PONTE DE LIMA (Portugal)

terça-feira, agosto 26, 2008

O Funeral de S. Boaventura

Francisco Zurbarán (c. 1629)

Ao contemplar algumas obras de Zurbarán a minha imaginação voa para a Espanha tenebrosa dos esbirros da Inquisição. A penumbra e os hábitos sinistros dos monges retratados fazem com que sintamos a proximidade de um Torquemada e um inexplicável fascínio mórbido pela reminiscência lúgubre desta época. Zurbarán ficou conhecido como «pintor de frades» porque retratava os monges do seu tempo em todos os aspectos das suas vidas práticas e espirituais. Tornou-se o pintor modelo da austera religiosidade espanhola. Demonstrou uma perícia extraordinária na criação de efeitos de luz e sombra e na evocação do sentimento religioso. Além do espiritualismo, são também famosas as suas naturezas mortas que revelam uma forte concentração nos pormenores. Com a ascensão de Murillo, a fama de Zurbarán apaga-se e acaba nos últimos anos pobre e quase esquecido. No Fúneral de S. Boaventura os actores humanos do drama estão inundados de luz no meio de uma profunda escuridão. Vestido com as vestes brancas brilhantes de um bispo, segurando a cruz nas mãos dobradas, o corpo do santo jaz no ataúde coberto de um sumptuoso brocado, com a mitra vermelha de cardeal aos seus pés. O Papa Gregório X, que o tinha nomeado cardeal-bispo de Albano em 1273, está de pé, com a sua barba branca, ao lado do rei, a quem parece estar a explicar os méritos do homem morto. A maioria das pessoas, no entanto, são simples monges franciscanos com os seus hábitos castanhos acinzentados rezando pensativamente ou contemplando meditativamente o homem morto. Zurbarán pinta o santo com a sua face cheia de desejo místico mesmo na morte.
No funeral de João Paulo II veio-me à mente muitas vezes esta imagem.



segunda-feira, agosto 18, 2008

domingo, agosto 10, 2008

quinta-feira, agosto 07, 2008

Livro de Kells


AUTOR: Anónimo
ANO: c.800

Nenhuma tradição artística levou tão longe a perfeição do grafismo geométrico como nas iluminuras celtas. Todas as maiúsculas são tratadas com uma fantasia delirante e nelas estão incluídas cenas figurativas com uma liberdade ilimitada mas, paradoxalmente, controlada. Pela técnica, imaginação e força plástica, o livro de Kells é considerado o supremo representante da arte irlandesa e um dos mais valiosos livros de toda a história da arte.
O historiador de arte alemão Lamprecht descreve da seguinte forma este trabalho: "Há certos motivos simples cujo entrelaçar e conjugar determina o carácter destas decorações. No início há unicamente o ponto, a linha e a fita; mais tarde empregam-se a curva, o círculo, a espiral, o ziguezague e um motivo em forma de S. Na verdade, bem parca riqueza de motivos! Mas que variedade se consegue no seu emprego judicioso! Aqui os motivos correm paralelos, ali entrelaçados, ou entretecidos, ou atados ou entrançados, ou então relacionados num xadrez simétrico de nós e tranças. Assim se envolvem fantasticamente intrincados, em quebra-cabeças que buscam solução, cujas convoluções parecem já procurar-se, já esconder-se, e cujas partes componentes, por assim dizer carregadas de sensibilidade, cativam a vista e os sentidos num movimento cheio de apaixonada vitalidade."
Sem dúvida que os monges da Irlanda sentiam pelos livros um amor invulgar naquela época e o manuscrito com a palavra de Deus era um objecto sagrado cuja beleza visual devia reflectir a importância do conteúdo. Pena foi que esse impulso artístico fosse interrompido pela invasão dos Vikings, que destruíram os centros monásticos irlandeses.