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Fiquei sensibilizado com este gesto. Porque, durante muito tempo, a imagem deste campeão (por muitos considerado um dos mais fracos de sempre) era muito pouco abonatória e, quanto a mim, extremamente injusta.
Dentro dos meus modestos recursos, não deixo de intimamente prestar homenagem a esta grande figura sempre que tento descobrir os planos do meu adversário e neutralizá-los antes que produzam estragos. Petrosian fazia isto com tanta naturalidade que tornava a maioria das partidas que disputava extremamente "aborrecidas". Frustrava as ambições atacantes dos adversários, como que antecipando tudo o que poderia desequilibrar o jogo. Com isto, Petrosian ganhou fama de invencibilidade e, na realidade, foi o único campeão que conseguiu passar a fase dos Interzonais e dos candidatos sem perder uma única partida. Feito nunca mais conseguido, nem pelos génios Fischer e Kasparov.
Petrosian ganhava poucas partidas, mas perdia ainda muito menos.
Arrancou o título de rei da "profilaxia" ao outro `monumento' desta escola e célebre teórico, Aaron Nimzovitch. Conquistou o título mundial de xadrez a um dos mais emblemáticos xadrezistas de sempre - Mikhail Botvinnik - e, surpreendentemente, manteve-o no primeiro confronto que teve com Boris Spassky. Este último, só conseguiria o título em 1969 pela margem estreita de 12,5 / 10,5.
Actualmente, já se faz justiça a este grande jogador e não há escola que se preze que não estude as suas partidas.
É um autêntico anti-herói. Como tal, pouco acarinhado, porque nada de espaventoso produziu. É, no entanto, desta massa que saem os grandes ensinamentos, que imperceptivelmente influenciam a nossa conduta.