quinta-feira, fevereiro 26, 2004
CTT – Correios de Portugal
Já houve tempos em que os CTT eram um serviço público de referência. Dos poucos em que poderíamos confiar, quase sem reservas.
Espantava-me até a eficiência destes serviços, já que, comparados com os congéneres estrangeiros, pareciam-me muito mais fiáveis.
Veio a moda das privatizações, das reformas da administração pública e pagou o justo pelo pecador. O que funcionava mal nunca veio a funcionar bem e aquilo que era excelente foi nivelado pela mediocridade habitual.
Não bastava a peregrina ideia de reduzir drasticamente o pessoal, encerrando estações e delegando estes serviços nas Juntas de Freguesia, de acabar com a distribuição diária da correspondência em zonas rurais... Agora, até a mais banal função de distribuir uma carta, tornou-se uma tarefa quiçá gigantesca, que demora eternamente a ser cumprida. E não adianta nada o correio azul, este serviço de luxo que já nos anos 80 garantia a distribuição em 24 horas em todo o Portugal continental.
Uma carta enviada por esta última via no dia 17, chegou-me às mãos apenas no dia 22!!
Mas o pior ainda estava para vir...
Na minha localidade, a Câmara Municipal resolveu alterar a designação de “Rua” por “Urbanização”, mantendo-se igual a restante denominação do meu endereço.
Logo que a medida foi tomada, e antes de qualquer dos residentes saber, o carteiro fez logo um aviso à navegação de que teríamos de alterar a morada, sob o risco de que não receberíamos as cartas. Rapidamente, as cartas recebidas com o endereço “Rua” vieram assinaladas com um ameaçador círculo à volta. E, passado pouco tempo, começaram a ser devolvidas, numa incrível demonstração de excesso de zelo. Ainda indaguei o carteiro, julgando tratar-se de um mero capricho da sua parte. Mas ele garantiu-me que não, que as ordens vinham de cima e que as devoluções foram feitas antes da correspondência lhe ser distribuída.
Julgo tratar-se de um acto de prepotência indescritível. Não se distribui o correio, não por se desconhecer o destinatário ou a morada, mas única e simplesmente por efeitos de uma burocracia perniciosa. Saberão os ditos superiores o trabalho que dá mudar o endereço em todos os serviços que nos dirigem correspondência, ainda por cima devido a uma deliberação camarária na qual não fomos tidos nem achados?
A velha máxima de que o correio deve ser entregue ao destinatário, apesar de todas as atribulações possíveis e imaginárias, que é a imagem de marca de qualquer serviço de correios do mundo, deixou de se aplicar neste país. Os correios passaram a ser uma qualquer empresa desumanizada e burocrática em que o carteiro já não toca duas vezes.
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