Encontrei um viajante de uma terra antiga,
Que disse - «Duas vastas pernas de pedra sem tronco
Erguem-se no deserto… Perto delas, na areia,
Meio enterrado jaz um rosto despedaçado, cuja carranca
E lábio franzido e esgar de fria autoridade
Dizem que o seu escultor leu bem essas paixões
Que ainda sobrevivem, estampadas nessas coisas inertes,
A mão que delas troçou e o coração que as alimentou;
E no pedestal, estas palavras surgem:
O meu nome é Ozymandias, Rei dos Reis,
Olhai as minhas Obras, ó Poderosos, e desesperai!
Nada resta à volta. Em torno da decadência
Daquele colossal Destroço, ilimitado e nu,
As solitárias e lisas areias estendem-se infinitas.»
Percy Bysshe Shelley, «Ozymandias», 1818